quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Nosso reflexo

Estudar Ética parece até simples, mas com o tempo acaba-se descobrindo que é uma das coisas mais difíceis, principalmente quando se está estudando Comunicação.
Um bom exemplo disso é este texto abaixo, que encontrei enquanto pesquisava o assunto para uma discussão em sala de aula.
Me impressionou a veracidade das palavras, a descrição das situações, as consequências dos atos.

Muito interessante.

Reflitam.


O princípio da alteridade

[Por Wellington Nery]

Vivemos tempos de intolerância.
Tempos de desamor, de rancores e de pusilanimidades.
Sim, vivemos tempos de barbáries e não temos energias para reagir.
Somos frágeis, fracos de ânimo e de coragem.
Ante a diferença, buscamos a negação.
Ante a diversidade, buscamos a solidão.
Queremos os iguais, queremos espelhos.
Queremos um conforto e uma segurança em muros de medo
e vemos o mundo por entre frestas de pouca luz, de parca lucidez.
A realidade cada vez mais diluída em constantes pesadelos é uma realidade
não vivida plenamente.
Uma realidade negligenciada pelo indiferentismo que nos domina.
A nossa realidade vem sendo carcomida pelo medo.
Estamos sós e mal acompanhados num mundo
que desaba em certezas axiomáticas.
Estamos sós e desamparados num mundo que se apequena em
posicionamentos fundamentalistas.
Estamos sós, num mundo de intolerâncias.
Uma charge provoca a horda ensandecida.
Uma visão opaca contempla a ignorância e a mesquinhez.
Liberdade se transverte em irresponsabilidade, em ganância,
em mais tinta de sangue a pulsar o ódio em bancas de jornais.
Somos diferentes e incompatíveis, assim pregam os “líderes”
e “sábios” do globo terrestre.
Sim, ainda somos trogloditas!
Ainda somos animais irascíveis em nossa verdade única.
Aqui não cabe o outro, aqui não comporta o plural.
Aqui só sim e não, num diapasão uníssono.
Que rufem os tambores da guerra entre civilizações,
entre religiões, entre seres humanos.
Todos a postos: vamos nos matar!
É triste, caros leitores, mas esse é o clima do nosso tempo.
Somos contemporâneos em tempos de insensatez.
Contudo, gostaria de apresentar-lhes algo que não é novo,
mas parece a muito esquecido: o princípio da alteridade.
Alteridade, o caráter do que é outro, a diversidade, a diferença.
Sim, o antônimo de identidade.
É preciso contemplar a diferença em todas as suas nuances.
Para isso, busquemos entender que “quando eu nomeio, eu me nomeio”
e sem o outro eu não sei quem sou, pois só sou em sociedade.
E as sociedades devem ser múltiplas como a vida o é.
O diferente é necessário, imprescindível, essencial.
Respeitar o outro é querer respeito consigo.
Somos todos uns em função do outro.
Não nos cabe o preconceito, a intolerância, a estupidez, a barbárie.
Somos pó, e retornaremos todos ao estado homogêneo
de nossa existência quando o tempo findar.
E até lá, que Deus nos abençoe e nos perdoe por tantas mortes,
por tanto sangue derramado sem razão.
Verdadeiramente sem razão!
Absolutamente sem razão!
Absurdamente sem razão!
Que Deus tenha piedade de nós.

Não se esqueça que quem constrói o fututro somos nós.
E nós o estamos construindo agora!
Até depois!

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