sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nunca quis ser normal

 Boas tardes, meus doces.

Vou ser direta ao ponto hoje. 

Sabem aqueles e-mails que vocês recebem diariamente e só pelo título já nem abrem e encaminham 
para a lixeira mais próxima? Eu também faço isso. (Ainda mais com aquelas correntes.... ¬¬)
Mas aí, em dias como hoje (parece que ontem foi segunda-feira, mas hoje já é sexta, 
então eu tava de bem com a vida) resolvi abrir alguns desses e-mails.

E num é que me deparei com um que salvou a batalha diária do recebi-sim-mas-
deletei-porque-não-gostei-do-título?

Acredito que seja um daqueles casos especiais em que estamos com um mínimo de paciência 
e sensibilidade para a leitura e sentimos que "esse texto" vale a pena ser compartilhado.

Agradeço minha prima Denise, que mora lá nas terras far-far-away de Recife 
(saudade, ó!) por ter salvado minha caixa de entrada! 

Porque sinceramente, de 27 e-mails recebidos (de ontem para hoje), esse foi o único que valeu a pena. 
Mas a verdade é que isso é bem normal, né? .... 
Ou será que nós aceitamos essa normalidade por ser algo vivido pela maioria dos internautas ativos?

Para vocês, que nem eu ou normais:


"Normose"

de Martha Medeiros


Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado 
não é exatamente fácil de alcançar.

Quanto mais a vida se torna truculenta, mais necessidade temos de buscar paz de espírito, o que explica o interesse crescente por crenças como o budismo e práticas como a ioga, que, cada uma a seu modo, procuram trazer a pessoa de volta para seu eixo interno, para um estado de relaxamento e de encontro com a felicidade através das coisas mais simples.

Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito “normal” é magro, alegre, belo, sociável e bem-sucedido. Quem não se “normaliza” acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não-enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?

Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata, que ganha “presença” através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.

A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a autodepreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu “normal” e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.

Eu não sou filiada, seguidora, fiel ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, 
ser bem mais autênticos e felizes. 
 ("Algumas vezes eu finjo ser normal. Mas aí fica chato e então volto à ser eu mesmo" - tradução livre)

 
Fonte: Jornal "Zero Hora" nº 15323 (5/8/2007), caderno "Donna".
Fonte das imagens: millyluck

E você? Sofre de "normose" também?
Esse é um tema que rende opiniões divergeeeentes, né?

Vamos pensar nisso.

:) 
BeijoClas

2 comentários:

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